Já não é possível empurrar o assunto para debaixo do tapete: os ataques informáticos cresceram 81% em Portugal, só no último ano. Mais do que nunca, as empresas portuguesas estão a ser alvo de tentativas de cibercrime.
Quem o diz é um estudo da Check Point Software, que indica os setores da educação, saúde e administração pública como os mais afetados, neste quadro de escalada do cibercrime. A sua empresa não é excepção: em média, uma organização portuguesa é atacada +800 vezes por semana!

Hoje vou ensiná-lo a proteger a sua empresa, para que não seja mais uma vítima desta escalada de cibercrime. E para que entenda a importância de uma proteção eficaz, vamos olhar para o que aconteceu às empresas que todos consideramos impenetráveis.
Portugal: que empresas atacadas?
A lista de empresas portuguesas que foram alvo de cibercrime no último ano tem presenças surpreendentes:
- SIC
- Expresso
- Continente
- SONAE
- Vodafone
- TAP
- Cofina
- Sport Lisboa e Benfica
E não foram ataques simples, que resultaram na perda de um rato de computador.
O ataque à Vodafone fez com que bombeiros, carteiros e alguns hospitais perdessem a capacidade de resposta aos utentes. Polícia Judiciária esteve impedida de receber queixas. Até os ATM da rede Multibanco deixaram de funcionar!
“Um dos hospitais afectados foi o de Matosinhos, que se viu impedido de enviar mensagens automáticas com convocatórias para consultas e exames e resultados de testes à Covid-19.“
– Mariana Marques Tiago in Público
Outras organizações portuguesas afetadas incluem:
- Instituto Português do Mar e da Atmosfera
- EMEL
- INEM
Mário Vaz, CEO da Vodafone em Portugal, explica que milhares de utilizadores perderam acesso a chamadas, mensagens escritas, dados móveis e, em alguns casos, até o acesso aos canais de televisão esteve condicionado.
E o caos não se limita à rede Vodafone. O ataque ao grupo Impresa, onde se inclui a SIC e o jornal Expresso, foi conduzido pelo grupo de hackers Lapsus e resultou em milhares de ficheiros em arquivo destruídos.
Era natural pensar que estes ataques estavam a ser conduzidos por alguém que planeava exterminar o jornalismo livre em Portugal. Mas a BBC afirma que o grupo Lapsus é liderado por um jovem de apenas 16 anos!
A organização criminosa já tinha sido associada ao ataque o Ministério da Saúde no Brasil e, desta vez, conseguiu tomar de assalto a conta Twitter do Expresso, para além do website www.expresso.pt. Este era o aspeto da página, quando se tentava aceder:

O mesmo grupo reivindicou ataques à Assembleia da República e à Tap. E alegadamente, condicionou o acesso aos websites do grupo Cofina e afetou os portais do:
- Jornal Record
- Correio da Manhã
- Jornal de Negócios
- Revista Sábado
- CMTV
A sensação que fica é a de um país inteiro em estado de sítio, sem acesso a informação e serviços essenciais, por culpa de uma brincadeira adolescente. E se era difícil pensar que as empresas se encontram tão vulneráveis e que, mais do que nunca, precisam de se proteger, a prova mais do que evidente está aqui.
“As maiores instituições do nosso país foram vandalizadas num estalar de dedos.“
– Nuno Diniz – Fundador Morebiz
Como empresário, a pergunta que resulta desta constatação é só uma: qual a forma de garantir os requisitos mínimos de proteção à minha empresa? Continue a ler para descobrir.
Que ameaças a minha empresa pode enfrentar?
Há dois tipos de cibercrime normalmente utilizados num ataque a empresas ou instituições: phishing e ransomware. Temos escrito sobre os dois, mas hoje vamos sumarizar a informação de que precisa para defender a sua empresa.
Phishing: o essencial
Conhecemos por phishing o acto criminoso de enganar um utilizador, levando-o a partilhar informações confidenciais como passwords ou números de cartões de crédito.
Clique e aprenda a evitar roubo de dados via phishing
Tal como na pesca (fishing em inglês), há mais do que uma forma de “pescar” a vítima. Mas recorrer a um email que se faz passar por determinada pessoa ou organização confiável – como um banco ou entidade governamental – continua a ser a prática mais comum.
Esta é a sequência habitual do crime:
- A vítima abre o email porque encontra na sua caixa de entrada um assunto assustador ou urgente;
- O email pede à vítima que baixe um anexo e/ou consulte um website e faça determinada ação urgente;
- O utilizador clica e entra num website com aspecto fidedigno;
- O website pede ao utilizador que inicie sessão ou introduza dados bancários ou pessoais;
- Essa informação é posteriormente vendida, usada para esvaziar contas bancárias e/ou extorquir a vítima
A grande diferença entre um utilizador que sabe identificar este tipo de ameaça e aquele que tropeça a cada armadilha é a formação em cibersegurança.
De qualquer forma, como regra geral, você deve suspeitar que está perante uma tentativa de phishing quando o email que acabou de receber apresenta os seguintes sinais:
- O email dirige-se a si de forma generalista (ex.: prezado leitor)
- Pede uma ação imediata
- Utiliza links abreviados, suspeitos ou com erros ortográficos
- Tem erros ortográficos no corpo de texto
- Pede informação pessoal
- Provém de um email que você desconhece
- Contém anexos suspeitos
- Propõe uma oferta boa demais para ser verdade
Lembre-se que, tipicamente, os criminosos fazem passar-se por instituições bancárias, entidades do governo, impresa ou redes sociais. E que a tentativa de roubo pode chegar, não só por email, como por chamada ou mensagem escrita!
Clique e descubra se a sua empresa foi afetada durante a pandemia
Em 2020, Portugal estava em segundo lugar na lista de territórios com maior índice de roubo de dados à escala mundial, logo abaixo do Brasil. Phishing é o tipo de cibercrime mais frequente em todo o mundo, por isso você deve adotar um comportanto, especialmente quando abre um novo email.
Ransomware: o essencial
Se não conhecia o termo: ransomware é um tipo de software pirata que consegue impedí-lo/a de aceder ao seu sistema ou ficheiros pessoais, a não ser que pague um resgate para ter esse acesso de volta.
Este tipo de software pode chegar ao seu computador, por exemplo, através de uma tentativa phishing. E foi graças a um processo semelhante que o grupo Lapsus conseguiu tomar de assalta o website do jornal Expresso.
Agora que já sabe como se processam os dois tipos de cibercrime que mais afetam as empresas portuguesas, chegou a altura de saber como defender a sua.
Como defendo a minha empresa de phishing e ransomware?
Quando a sua empresa compreender a importâncias das boas práticas ao nível da segurança informática vai atingir um estado de maturidade superior: os seus colaboradores sabem identificar tentativas de phishing e os dados da sua empresa estão menos vulneráveis do que antes. Mas isso significa que a sua empresa está protegida contra qualquer tentativa de ciberataque?
Longe disso.
Cabe-lhe a si enrijecer as muralhas do castelo; a Morebiz – IT Solutions aconselha a que implemente:
- Backups automáticos
- Sistema de credenciais
- VPNs seguras
Descarregue grátis nosso o Manual de Boas Práticas – Segurança Informática
Vou explicar-lhe o que cada um significa (foi exatamente isto que aconselhei aos nossos clientes que tiveram problemas de segurança quando o teletrabalho se tornou obrigatório):
1 – Backups automáticos
Vocês deve, não só centralizar os dados da sua empresa num servidor único, como garantir que a informação que guarda nesse servidor está duplicada noutro servidor. Atenção: os dois servidores devem estar em localizações distintas, para salvaguardar a perda de dados em caso de incêncio ou acidente elétrico grave.
O sistema funciona de forma simples: o primeiro servidor vai permitir acesso aos dados da empresa a qualquer hora e a partir de qualquer lugar. O segundo servidor vai garantir que, caso exista algum acidente com este primeiro servidor os dados não são perdidos para sempre. Tudo feito de forma automática!
2 – Sistema de credenciais
O acesso aos servidores da sua empresa deve ser altamente condicionado. Isto siginifica que cada colaborador deve ter dados de acesso pessoais e intransmissíveis. Impeça que qualquer um possa entrar na rede da sua empresa e ter acesso direto aos dados e documentos armazenados nos seus servidores!
3 – VPNs seguras
VPN é um palavrão que pode assustar os empresários menos tecnológicos. Mas na realidade significa: rede privada virtual. Esta rede privada virtual serve para que os seus colaboradores em trabalho remoto acedam aos serviços da sua empresa (ex.: consultar dados ou descarregar documentos) de uma forma e controlada.

A nossa equipa pode ajudá-lo/a a implementar estas ferramentas, no espaço de poucos dias. Mas para que possa dar o primeiro passo agora, criámos uma checklist com tudo o que precisa de confirmar para ter a certeza que as portas do castelo estão fechadas até a nossa ajuda chegar:
- Alterar a palavra-passe da Wi-Fi e do router
- Utilizar equipamentos e aplicações atualizadas
- Utilizar palavras-passe seguras (ex.: não use 1234)
- Ter cuidado com os dispositivos USB que se inserem nos equipamentos
- Fazer cópias de segurança de dados importantes
- Não utilizar equipamentos sem proteção antimalware
- Vigiar o email e escapar às armadilhas do phishing
- Comunicar de imediato ao serviço competente qualquer ataque cibernético

Estas foram orientaçãos dadas pela Direção Geral da Administração e do Emprego Público em abril do ano passado, no seu Guia para a Segurança e Saúde em Teletrabalho na Administração Pública. Caso queira ir mais a fundo, os nossos colegas da Integrity.pt fizeram um trabalho completo, que tomámos a liberdade de incluir neste artigo:

1 – Recorra à VPN fornecida pela sua empresa para se ligar de forma segura à rede corporativa e para desenvolver tarefas relacionadas com a mesma
2 – Evite, sempre que possível, estar conectado à rede da empresa e a outras redes em simultâneo
3 – Reduza a extração de informação dos sistemas empresariais ao essencial
4 – Restrinja a partilha de documentos corporativos ao estritamente necessário, utilizando as vias previamente definidas pela organização para o efeito
5 – Evite copiar ficheiros empresariais para pen’s e discos externos
6 – Efetue backups de dados, de acordo com as diretrizes definidas na política de backups da sua organização

1 – Crie passwords robustas de acordo com a política de segurança, evite divulgá-las, reutilizá-las e proceda à sua atualização regularmente
2 – Utilize sempre os dispositivos disponibilizados ou certificados pela sua empresa para desenvolver a atividade profissional e não os partilhe com terceiros
3 – Mantenha o software de segurança (anti-malware, firewall, entre outros) e as aplicações que necessita sempre atualizadas e em linha com as práticas e políticas de segurança corporativas em vigor
4 – Garante que separa a informação pessoal da profissional e que não instala, nos dispositivos destinados à atividade profissional, software não autorizado pela empresa ou direcionado para fins alheios ao contexto profissional

1 – Escolha espaços onde possa efetuar chamadas profissionais sem correr o risco de partilhar informações confidenciais com terceiros
2 – Assegure-se que apresenta um background simples e sem referências pessoais ou familiares, caso necessite de efetuar chamadas de vídeo
3 – Bloqueie as sessões e opte por colocar em stand-by ou desligar funcionalidades como a câmara e o microfone sempre que não estejam em uso
4 – Evite deixar dispositivos de trabalho desbloqueados, principalmente se dividir o espaço com crianças

1 – Resista à tentação de abrir emails não solicitados, ainda que aparentem conter informação útil acerca de temas aparentemente relevantes (como o roubo de credenciais da sua conta Amazon)
2 – Não aceda a links nem websites e não abra ou efetue download de documentos anexos a comunicações não solicitadas. Diversos atacantes têm aproveitado a pandemia como via de difusão de malware
3 – Assegure-se que conhece os contactos da equipa de IT / Segurança da sua organização aos quais deve reportar comportamentos ou situações suspeitas, e solicitar instruções ou esclarecimentos em caso de dúvida

1 – Não instale qualquer aplicação que não seja fidedigna e pertença às lojas oficiais dos fabricantes (Google Play e AppStore) nos seus dispositivos
2 – Recorra a fontes de informação credível, como o website da OMS ou da DGS, sempre que necessitar de obter informações acerca dos temas que lhe interessam, evitando assim navegar em websites pouco seguros e potencialmente perigosos
3 – Esteja ciente que os atacantes podem tirar partido de temas mediáticos como a guerra na Ucrânia para convencer utilizadores a instalar aplicações ou software malicioso em equipamentos profissionais e pessoais
Por onde começar?
Se não quer que a sua empresa seja a próxima Vodafone ou jornal Expresso, você pode começar por seguir alguns dos conselhos que encontrou no capítulo anterior. Caso queira um sistema de defesa mais profundo, lembre-se que pode agendar uma reunião gratuita de 30 minutos com um dos nossos especialistas.